Há um ano, o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) denunciava a sobrecarga de trabalho dos profissionais que atuam na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Areal em função da demanda de pacientes com sintomas gripais. Com a proximidade do inverno e para não se repetir a situação do ano anterior, desde o dia 1º junho mais dois profissionais reforçam a equipe, segundo informou a Prefeitura. A medida, entretanto, não resolveu o problema de quem busca por um diagnóstico.
Em plena segunda-feira (5), 15h, a sala de espera estava lotada e a média de tempo até a triagem ultrapassa duas horas. "Me disseram que tem quatro médicos aqui, mas estou desde a 13h30min, com classificação azul e nada de ser chamada", disse a auxiliar de limpeza, Tiela Ossaines Rodrigues, 35. Com dores pelo corpo, mal-estar e diarréia, ela gostaria de saber o que tem para poder trabalhar. "Perguntei se estava demorado e a resposta foi de que são quatro médicos no plantão. Mas não mudou nada. A gente não marca pra ficar doente", desabafou.
Na mesma situação estavam Taili Cabistany, 35, e Marcelo Dantas, 47. Aflitos por causa da febre alta da pequena Antonella, de quatro anos, eles aguardavam há duas horas para passar pela triagem e não escondiam a indignação. "Liguei para a UBS e já adiantaram que mandariam pra cá (UPA). Se sabem que nos postos não atendem e os pacientes acabam se concentrando aqui, por que já não dobram o número de médicos?", questiona a mãe. Enquanto conversava com a reportagem, o nome de Antonella é citado e, por um instante, Taili se sentiu aliviada.
Quem estava com a paciência esgotada era a cuidadora de idosos, Luana Motta Duarte, 32. O filho Christopher, de dez anos, é asmático. Passou dois dias no Pronto-Socorro de Pelotas (PSP) e teve alta, segundo conta a mãe, sem um diagnóstico. "Viemos para a UPA e a orientação foi voltar ao PSP. Nova alta. Conseguimos atendimento na UBS onde acham que ele está com pneumonia. Então decidi voltar aqui (UPA) para ter certeza", disse a cuidadora com vários documentos em mãos. Para ela, a dor de cabeça não está só na demora pelo atendimento, mas na incerteza dos médicos que não descobrem o que Christopher tem. "Não adianta colocar mais profissionais, tem que ter qualidade no atendimento".
Aumento de 40% na demanda
O Município ampliou a capacidade de atendimento médico na UPA Areal, fazendo com que a unidade passe a operar com até cinco médicos simultaneamente.
O diretor da UPA Areal, Nelson Soares, destacou o aumento de 40% na demanda da unidade e ressaltou que as ações devem auxiliar a manter o pleno atendimento aos usuários. Diferente do ano passado, quando foram adicionadas 12h/médicas por dia, num período de três meses, este ano a ampliação compreende 24h/médicas adicionais durante um período de quatro meses, mais que o dobro do último adicional realizado.
"As ações de ampliação do número de profissionais visam corresponder o aumento da demanda já observada, que deve seguir alta durante todo o inverno. A UPA possui estrutura para acolher aproximadamente 200 pacientes por dia, todavia temos acolhido diariamente cerca de 300 usuários", afirmou o gestor.
O reforço desde o dia 1º deste mês tem previsão de continuidade até setembro. Os dois médicos por dia terão plantão de atendimento de 12h.
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